quarta-feira, 2 de junho de 2010

Carta da Terra

Foi aprovado na Assembleia da República o Projecto de Resolução de “Os Verdes” que recomenda ao Governo a adopção dos princípios constantes na Carta da Terra. A Carta da Terra constitui uma espécie de Código de Ética direccionada para a sustentabilidade, a paz e a justiça económica e dela constam princípios e valores de natureza universal que deverão ser tidos em conta no momento de tomada de decisões políticas.

“Os Verdes” congratulam-se com a aprovação desta iniciativa, que passou no Parlamento com a abstenção do PSD e do CDS e com as votações favoráveis dos restantes partidos, e consideram que o aval hoje dado à Carta da Terra incentivará o Governo português e a Assembleia da República a envolverem-se no cumprimento dos objectivos do documento, assim como nos compromissos de trabalho em prol da implementação dos valores e princípios nela explanados.

A Carta da Terra é um tratado ético da Organização das Nações Unidas (ONU) com 61 princípios fundamentais para construir uma sociedade global justa e pacífica, bem como um planeta ecologicamente sustentável. A Carta da Terra mostra que a protecção do meio ambiente, os direitos humanos, o desenvolvimento equitativo dos povos e a paz são conexões interdependentes e indivisíveis. Todos os problemas estão relacionados: os ambientais, os sociais, os económicos, os políticos e os culturais.

A Carta da Terra está estruturada em 4 princípios primordiais que contêm 16 princípios gerais:

I. Respeito e cuidado pela vida.
1. Respeitar a Terra e a vida em toda a sua diversidade.
2. Cuidar da comunidade da vida com entendimento, compaixão e amor.
3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.
4. Assegurar que os frutos e a beleza da Terra se preservem para as gerações presentes e futuras.

II. Integridade ecológica
1. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial cuidado pela diversidade biológica e os processos naturais que sustentam a vida.
2. Evitar danos como o melhor método de protecção ambiental e quando o conhecimento seja limitado, proceder com precaução.
3. Adoptar padrões de produção, consumo e reprodução que salvaguardem as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos como também o bem-estar comunitário.
4. Impulsionar o estudo da sustentabilidade ecológica, promover o intercâmbio aberto e a extensa aplicação do conhecimento adquirido.

III. Justiça Social e Económica
1. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.
2. Assegurar que as actividades e instituições económicas, a todo nível, promovam o desenvolvimento humano de forma equitativa e sustentável.
3. Afirmar a igualdade e equidade do género como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, o cuidado da saúde e à oportunidade económica.
4. Defender o direito de todos, sem discriminação, a uma envolvência natural e social que apoie a dignidade humana, a saúde física e o bem-estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e às minorias.

IV. Democracia, não violência e paz
1. Fortalecer as instituições democráticas a todos os níveis, fomentando a transparência e a responsabilidade na gestão pública, participação inclusiva na toma de decisões e acesso à justiça.
2. Integrar na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, as habilidades, o conhecimento e os valores necessários para um modo de vida sustentável.
3. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
4. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz.

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