sexta-feira, 27 de abril de 2012

Dia Global da Luta Agrária

Campanha Europeia pelas Sementes Livres:
http://gaia.org.pt/node/16277

O Dia Global da Luta Agrária [17 de Abril] comemora o massacre de 19 camponeses que lutavam por terra e justiça no Brasil em 1996. Todos os anos neste dia decorrem acções por todo o mundo em defesa dos camponeses e dos pequenos agricultores que lutam pelos seus direitos e pela soberania alimentar de todos os povos (...). Mais do que nunca é necessário reafirmar a visão de um mundo onde os povos definem os seus próprios sistemas e políticas agrícolas e alimentares, sem prejuízo das pessoas ou dos recursos naturais.

O tema destacado este ano pela Via Campesina é a usurpação de terra (land grabbing), levada a cabo por corporações ou estados que retiram terra aos agricultores que a cultivaram durante séculos, substituindo policulturas tradicionais por monoculturas destinadas exclusivamente à exportação. Os agricultores precisam do acesso à terra para alimentar as suas comunidades, e a sua expropriação contribui para o aumento da fome e pobreza e da degradação dos nossos recursos naturais comuns, como o solo, as sementes e a água.

O sistema de alimentação corrente segue um modelo de agricultura industrializada controlada a nível mundial por uma mão-cheia de empresas multinacionais do agro-negócio em conjunto com um pequeno grupo de grandes distribuidores e retalhistas. É um modelo projectado unicamente para gerar lucros e, por esse motivo, falha em todas as suas obrigações sociais e ambientais.

Em vez de ser dedicado à produção de alimentos saudáveis, acessíveis e benéficos para as pessoas, concentra-se cada vez mais na produção de matérias-primas: como os biocombustíveis, alimentos para gado ou ingredientes para a comida processada industrialmente, utilizando práticas ambientalmente nocivas. A concentração da produção em poucas mãos e com pouca variedade de cultivo, tem causado uma enorme perda de explorações agrícolas e de agro-biodiversidade e empobreceu a nossa dieta, hoje baseada sobretudo em três cereais: milho, trigo e arroz e cada vez menos em frutas e vegetais.

(...) A Campanha pelas Sementes Livres reclama o livre acesso às sementes, o apoio à preservação da diversidade agrícola e a proibição das patentes sobre plantas. Visa ainda denunciar a revisão em curso da legislação europeia em matéria de produção e comercialização de sementes que vai favorecer a crescente privatização das sementes agrícolas por uma dúzia de multinacionais, com graves consequências para horticultores e agricultores pequenos e para a segurança e autonomia alimentares, não só na Europa como em todo o mundo.

Campanha pelas Sementes Livres.

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