domingo, 8 de abril de 2012

OGM e Ministério da Agricultura

Intervenção do deputado de “Os Verdes”, José Luís Ferreira na Assembleia da República, acerca da promoção do regadio em Portugal:

A primeira nota que “Os Verdes” pretendem fazer sobre o assunto, tem a ver com o apoio dado por diversas entidade públicas, nomeadamente o Gabinete de Políticas Agro-Alimentares e o próprio Ministério da Agricultura, aos projectos que uma conhecida multinacional de sementes transgénicas e de agro-químicos tem para o Alqueva e que não são mais do que projectos que visam tentar dominar o mercado gerado por este empreendimento público.

Na verdade o projecto da Syngenta denominado sudExpand é, como a própria empresa diz, uma outra forma de abordar o mercado através do fornecimento de soluções integradas, ou seja, através do fornecimento do pacote de produtos da Sygenta (sementes transgénicas, fertilizantes e pesticidas, entre outras coisas).

E o que é grave é que este projecto tem como parceiros, diversas entidades públicas e teve já, como está patente no Boletim Informativo desta multinacional, o alto patrocínio da própria Ministra da Agricultura.

Ora o que se está a fazer é a favorecer os interesses e o negócio de uma empresa em detrimento de outras, o que até nem fica bem, a quem tanto fala da livre concorrência.

O Alqueva não deve servir ou estar ao serviço do negócio de Multinacionais das sementes transgénicas e dos agro-químicos, mas sim do interesse nacional e da agricultura nacional.

Toda esta relação entre o Ministério da Agricultura, que também é do Ambiente, e a Syngenta tem muito que se lhe diga. E tem muito que se lhe diga, mesmo que venha a ser justificada pelos benefícios para os agricultores que não estão, de resto, clarificados. Falta ainda saber quais os benefícios para os agricultores.

Como se isto não bastasse, esta semana, ainda tivemos a noticia da nomeação, por parte do Ministério da Agricultura, do director ibérico para a área logística da Syngenta, para presidente do conselho de administração da Companhia das Lezírias. Ele há coincidências.

Por outro lado tudo isto reforça a ideia da adopção de um modelo intensivo de produção para o Alqueva com tudo o que o mesmo tem de pior: transgénicos, agro-químicos, monocultura, etc.

Para “Os Verdes” o que se exige, é antes de mais, que o Governo promova um debate sério sobre o modelo de produção que se quer para as zonas de regadio, que afinal resultam de um investimento público e que também por causa disso, os cidadãos têm uma palavra a dizer. Um palavra a dizer sobre o modelo da agricultura que queremos. Se queremos um modelo de agricultura sustentável e de produção de produtos de alta qualidade ou se queremos um modelo intensivo, como aquele que se está a desenhar. Esta é que é a questão central nesta matéria.

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