quarta-feira, 9 de março de 2016

Deputado José Luís Ferreira lamenta opção pela incineração




Ponta Delgada, Açores, 08 mar (Lusa) – O deputado do grupo parlamentar Os Verdes José Luís Ferreira lamentou hoje, nos Açores, que o processo da incineração avance na ilha de São Miguel de “forma irreversível”, considerando que existem alternativas mais amigas do ambiente.

“A incineração não resolve problema nenhum. Quando nós incineramos, queimamos e estamos a transformar matéria em resíduos perigosos, que continuam a povoar e ser nossos vizinhos enquanto respiramos”, afirmou José Luís Ferreira à agência Lusa, vincando que Os Verdes foram “sempre contra a incineração, tanto no continente como nos Açores”.

A deslocação do deputado à ilha de São Miguel teve como temas centrais as alterações climáticas, a gestão dos resíduos e a conservação da natureza e incluiu visitas e contactos com várias entidades, entre as quais o Governo Regional.

O processo da incineradora da ilha de São Miguel, orçado em 68 milhões de euros, está “em fase de concurso público”, segundo fonte da Associação de Municípios da Ilha de São Miguel, que estima que a obra possa ter início ainda este ano.

No final de dois dias de visita à ilha, o deputado considerou haver alternativas mais amigas do ambiente do que a incineração, destacando o exemplo da central de vermicompostagem localizada no concelho do Nordeste e onde esteve hoje.

“De facto, o que se faz ali é reciclar lixo. Numa central de vermicompostagem como a do Nordeste estamos a valorizar os resíduos, porque estamos a transformá-los em matéria, que depois também é usada para adubar jardins”, disse José Luís Ferreira.

A primeira unidade de tratamento de resíduos dos Açores com recurso à vermicompostagem, com um prazo útil de vida de 25 anos, resultou de um investimento da Câmara Municipal do Nordeste de 2,5 milhões de euros.

Depois de passarem por um processo de seleção e pré-compostagem, os detritos são entregues às minhocas, que os transformam em húmus, um corretivo orgânico para a agricultura.

José Luís Ferreira admitiu que “tinha receio” quanto à continuação da central de vermicompostagem, na sequência da adesão do Nordeste à Associação de Municípios da Ilha de São Miguel, que pretende construir uma incineradora, mas o presidente da câmara assegurou-lhe que a central iria continuar a funcionar.

Atualmente os Açores já têm uma incineradora a funcionar, localizada na ilha Terceira, tendo começado em fevereiro a fornecer, de forma permanente, energia à rede elétrica.

Como ponto positivo na maior ilha dos Açores, José Luís Ferreira destacou o trabalho que tem sido feito por várias associações de ambiente ao nível da proteção da ave cagarro e na recolha de microplásticos e de plantas invasoras.



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